II LAWCN 2019

sexta-feira, 19 de outubro de 2007

Sobre religião

Caríssimos,

sei que ando meio verborrágico e que cada post meu é um verdadeiro livro. Pois bem, vou ser breve dessa vez, vou falar sobre religião...

Hehe... o mais desavisado teria corrido pra longe desse blog. Mas calma, calma, não vou discutir religião no meu blog. Não mesmo. Sei o tanto que o tema é polêmico e como amigos podem virar inimigos frente a uma frase sobre o tema que não foi pensada 26 vezes antes de ser falada. Só queria postar uma tirinha de um quadrinho que leio na Internet, chamado Non Sequitur. É que eu achei essa tirinha simplesmente genial, captando a essência do discurso institucional religioso (não necessariamente o doutrinário, mas algumas vezes ele também) e mostrando a visão e o desejo do homem inteligente frente a isso tudo.




Para os que agarram no inglês, a tradução é a seguinte:
Apresentador: "Bem, obrigado por participarem do programa "Meu Dogma é Melhor que o seu", mas, mais uma vez, terminamos em empate."
Quadro à direita, abaixo: "O Reality-show que nunca termina".

Abraços!

Vai Corisco e vem Lampião...

Caros amigos,

Pois é, o ômi pediu arrego, mandou-se de licença de volta para as Alagoas. Nada contra essa terra linda (muito antes pelo contrário), mas já vai tarde Corisco, muito tarde. Aproveita e segue caminho até o inferno. Renan Corisco Canalheiros já estava até fedendo a enxofre na cadeira da presidência do senado. Já vai tarde e, por favor, não volte mais, porque nossas vassouras estão atrás de nossas portas. Já posso tirar o banner da campanha e colocar ele junto do post aqui, que é para a gente se lembrar. Por sinal, mesmo que seja meio difícil afirmar com certeza, acho que a campanha do sensacional Gabeira ajudou a botar pressão para rancar o cão Corisco do seu osso. Por isso, aproveito para deixar o meu parabéns a esse Deputado que representa a personificação do representante que todos gostaríamos de ter em um legislativo quase utópico.




E acho que o infeliz do Renan vai embora deixando mais alegria do que tristeza. Digo isso porque é difícil comemorar completamente porque a cadeira da presidência do senado continua sendo do PMDB, o histórico partido do inoxidável Ulysses Guimarães, que hoje está entregue ao pior tipo de político que existe nesses país (vide episódio da expulsão dos senadores Jarbas Vasconcelos e Pedro Simon - vide também comentário de Lúcia Hipólito de 5 de outubro de 2007 na rádio CBN - http://cbn.globoradio.globo.com/cbn/comentarios/politica.asp).

A imprensa tem dito que o senador mais cogitado para substituir o Canalheiros é o Garibaldi Alves, aqui do Rio Grande do Norte. Pois é, parece ironia ou invenção, mas vocês se lembram da história que eu contei sobre o meu encontro com o senador Sarney (vide post "O Ex-presidente do presidente")? Em algum lugar eu disse que o senador tinha ligado do seu gabinete para cada um dos senadores pedindo voto a favor do Canalheiros na CCJ e depois comentei que ia contar como eu havia obtido essa informação (que depois a imprensa divulgou de forma mais mais ou menos irrestrita). Então, irônico que pareça, eu fiquei sabendo disso da boca do próprio senador Garibaldi Alves que também estava na fatídica noite do meu encontro com o Sarney. Essa é uma parte da história que eu ainda não contei e que vai agora no blog.

Pois é, na verdade, antes de nos sentarmos na mesa do restaurante, enquanto ainda esperávamos, o senador Garibaldi Alves chegou também ao restaurante. Minha mãe, que apreciou muito o seu discurso contra Renan no senado, às vesperas da votação na CCJ, foi cumprimentá-lo, sem saber que, na verdade, o Garibaldi estava ali para se encontrar com o Sarney.

Durante todo o tempo que ficamos no restaurante, eu fiquei meio intrigado com o fato de dois sujeitos de visão tão oposta se sentarem juntos em um jantar regado a vinho e camarão, dois dias após a absolvição do capeta (o cadáver da ética ainda nem tinha esfriado). Senti-me, mais uma vez, traído por um representante público, pois também eu fui apertar a mão do Garibaldi à entrada do restaurante. Pô, o cara que deu um brilhante discurso, lavando a alma da nação, contra aquele que é sabidamente um safado cinco estrelas da nossa política, senta-se para compartilhar bons momentos com o outro cara que fez de tudo para salvar a pele do Renan (de tudo mesmo: teve viagem para Minas, teve papo e participação ativa de lobista influente, teve ligação de jatinho, teve senadora virando garota de recado e muito mais que a gente nem imagina)!? Alguém poderia argumentar, mas política é uma coisa e relacionamento pessoal é outra. Olha, sei não, pode até ser, mas me parece que ser pró ou contra Renan é quase uma questão de moral.

Bom, seja Grécia ou seja Tróia, quem leu a história sabe que no dia eu estava meio sem limites. Depois que o Sarney se mandou de fininho (e ele se mandou de fininho).. eu fui... hehe... aliás, essa história do fininho também é legal, e dá pra ver como político é malandro. Vou contar rapidinho. Depois de eu ter botado o dedo no nariz do Sarney, ele percebeu que o clima no restaurante estava meio hostil. As mesas vizinhas à nossa haviam escutado o meu desaforo, havia um cara passando de mesa em mesa para puxar uma vaia contra o senador, e pessoal discutindo exasperadamente a sacanagem da absolvição e outras coisas mais. Imagino que o Sarney tenha percebido aquilo tudo e tenha ficado com receio de ser vaiado em público. Pois bem, a uma certa altura do jantar, levanta o Garibaldi e mais umas duas ou três pessoas e este senador se vira para a minha mãe e pergunta, mui polidamente: "E então, como está o jantar?" E começa a falar de umas trivialidades do tipo "A comida aqui é muito boa, Natal é uma cidade boa para se morar, etc. etc.". Aí a minha mãe falou do Instituto, que eu sou pesquisador, que eu trabalhava lá e que o governo devia investir mais em ciência e tecnologia e blah, blah, blah... Enfim, assim como do nada ele começou a conversa, do nada ele a terminou e voltou a se sentar na sua cadeira. Então se deu a mágica: tcham, tcham, tcham, tcham!!! Cadê o Sarney!!! Ohhhhhh! Ele sumiu!!!!! Nada nessa manga, nem nessa outra, os meus dedos é que são mais rápidos que o olho humano... (aliás, a prestidigitação avançada é uma habilidade bastante comum entre nossos políticos. Eles roubam e ninguém vê, pricipalmente o Lula, espectador do Brasil). Pois é, o homem tinha desaparecido, a moda Mestre dos Magos, numa manobra planejada e executada a várias mãos. Nisso essa turma é muito boa.

Enfim, voltando para a história principal. Depois disso tudo, de dedo no nariz do Sarney, da mágica do Garibaldi fazendo o Sarney sumir e daquela confusão na minha cabeça, a turma dos políticos resolveu encerrar o jantar, antes de terminarnos o nosso. Como eu já havia dito, eu estava bem soltinho naquele dia. Decidi, então, interpelar o Garibaldi sobre aquela aparente contradição e foi o que fiz. Fui até a mesa dele e perguntei mais ou menos assim: "- Poxa Garibaldi, de coração, me ensina sobre a política que eu quero aprender como é que isso funciona" - massagem no provável enorme ego. "Apenas dois dias depois daquele discurso todo, contra o Renan, o senhor vem aqui e senta ao lado do grande articulador da absolvição do Renan pra comemorar sei lá o quê!? Isso não é meio incoerente não?"

Bom, a resposta que ele me deu (não guardei bem as palavras), foi de que aquele momento nada tinha a ver com política. Sarney estava na cidade para lançar um livro novo (até a essa altura eu não sabia disso) e que ele era um antigo amigo da família Alves, pela qual muito tinha feito (fico imaginando que tipo de benefício que rolou), que eles todos eram muito gratos a ele e etc. e tal. Ele contou com uma certa riqueza de detalhes que o Sarney ligou para o gabinete dele e pediu que ele (o Garibaldi) fosse até o seu escritório, pois tinham que conversar. O Garibaldi, macaco véio, respondeu por telefone que não ia, que era pra não ficar chato entre eles, que já tinha decidido e ia mesmo votar contra o Renan. O Sarney aceitou. Depois, no dia seguinte, minutos antes da votação, a Roseana teria ido ao escritório do Garibaldi, numa nova tentativa, sem sucesso também, de conseguir o voto do Garibaldi. Aliás, um detalhe: se a votação secreta dificulta conhecermos as verdadeiras intenções e atuações de nossos representantes, que fiquem registrados dois votos certos pró-Renan: Sarney e Roseana. De qualquer maneira, a impressão que eu tive do Garibaldi foi um equilíbrio esquisito de consolo e desgosto. Não só pelo posicionamento no mínimo intrigante, talvez dúbio, mas, sobretudo, por um aspecto que ignorei por toda a minha vida de eleitor: a postura pessoal presencial (talvez por nunca ter tido chance). E nesse quesito, tive desgosto. Um sujeito meio pachorrento, de fala mole, meio enrolada, um tanto de cima pra baixo, recheada de reticências e sem a substância esperada.

Enfim, a resposta dele me convenceu naquela hora, ainda que com certa ressalva. Hoje eu me indago sobre esse senador, o Garibaldi Alves. Se ele é o cara da energia e da coerência do discurso contra o Renan, ou se é mais um velho coronel da política, macaco velhíssimo, beneficiário do modus operandi da riqueza e do poder, cheio de artimanhas, conluios e armações. Sei não. E é por isso que dei o título que dei a esse post. Sai o Corisco da campanha do Gabeira e entra o Lampião, que é bandido e herói ao mesmo tempo. É herói principalmente aqui no nordeste. Pode ser que seja, pode ser que não seja e é a história que vai mostrar a que vem o Garibaldi. Acho que pior que Renan é difícil... será? Enfim, vamos ver...

Ah! Quase um P.S.: ando cercado de política e de políticos. Parece que Brasília veio para Natal. Despedindo-me de meus pais no aeroporto e, naturalmente, aguardando horas pelo vôo atrasado, quem é que surge no saguão do aeroporto? O senador Cristóvão Buarque. Olha, prestando atenção no quesito postura pessoal, esse sujeito atrai o meu voto (ainda que sem certezas absolutas). Parou para cumprimentar todos que o interpelaram, sem seguranças ou puxa-sacos ao redor, dando atenção e trantando as pessoal com olhar horizontal. Gostei... quem sabe o que vai rolar em 2010?

P.S.2: mais ou menos umas duas semanas após essa história toda, o Garibaldi Alves aparece na TV, não sei se em rede local ou nacional, fazendo propaganda política do PMDB e conclamando cidadãos para se filiarem ao partido. O interessante é que ele começa a fala dele mais ou menos assim: "Nós sabemos que a juventude anda desiludida com a política atual, mas nós precisamos da força do jovem no nosso partido!" Será que ele estava me convidando a fazer parte do partido dele? Hehehe!!!

Aquele forte abraço!
Vinícius

segunda-feira, 1 de outubro de 2007

Web engajada

Caros amigos,

não tenho dúvidas que a grande maioria de nós, navegantes virtuais pela supervia da informação, fica indignada com toda e cada notícia de crueldade que ocorre mundo afora. Quem não fica comovido com as crianças etíopes que morrem de fome por absoluto abandono do resto do planeta? Quem não se entristece ao ler que dia após dia a ganância do homem consome o planeta como se fosse um glutão frente a um banquete? Quantos não se revoltam com os maus tratos às mulheres que é prática comum em algumas culturas? Quem não se enfurece com a nossa política e quem não fica desesperado ao saber que há governos ditatoriais que furtam toda a liberdade de cidadãos ao redor do mundo, em função da manutenção do poder tirano?

Pois é, eu também fico e, na maioria das vezes, copio a atitude de todo mundo mais: vocifero revolta, faço cara de horror, remexo-me na minha cadeira e depois vou buscar mais café para terminar de ler os emails. É pão e circo meus caros, pão e circo. Apesar de pagar impostos aviltantes, ainda tenho pão e circo que me amarram à minha confortável cadeira de escritório.

Por outro lado, considero-me um pouco mais engajado do que o brasileiro médio (não vou falar disso agora, pois detesto auto-promoção, quem quiser que me pergunte depois), ainda que esteja a anos-luz de distância de ser um avatar do engajamento sócio-político mundial. É que, além de algumas quase simbólicas atitudes diárias pró planeta, tornei-me recentemente um assíduo contribuidor assinante de um grupo da web de engajamento político com ampla atuação e considerável influência sobre organizações decisórias das políticas internaiconais. É desse grupo que quero falar hoje.

Trata-se da Avaaz, um grupo de ativismo político e ecológico, formado por cidadãos engajados de todo mundo e reunidos pela maravilha da Internet. Basicamente, o que o grupo faz é divulgar os alvos de seu ativismo, recolher assinaturas e fundos e, de posse desses intrumentos, pressionar dirigentes para que tomem atitudes que vão ao encontro dos pensamentos da organização. Estes, por sua vez, representam a opinião pública global, recheados do bom senso de alguns intelectuais da organização.

Nunca doei dinheiro (trauma tupiniquim, talvez), mas assinei digitalmente todas as campanhas lideradas pela Avaaz, sobretudo por estar totalmente de acordo com os posicionamentos de seus organizadores, que sempre me soaram muitíssimo sensatos. Ainda que não tenha a disposição de ir direto para o front do ativismo, como me associar a uma ONG largando tudo para trás no Brasil, acho que faço um pedaço da minha parte cada vez que clico no botão do site da Avaaz. E por isso recomendo a todos conhecer o trabalho dessa turma. Basta acessar o site http://www.avaaz.org/ .

O objeto atual do ativismo da Avaaz são os protestos pró democracia realizado pelos monges de Mianmar (antiga Birmânia) e fortemente reprimidos pelo governo ditatorial do país. A foto abaixo, plubicado no site do G1, fonte Reuters, mostra os monges enfretando as forças militares em seu protesto. Lembro que essa foto é uma conquista, pois o governo agora controla a Internet de Mianmar e dificultou muito o trabalho dos jornalistas no país.


Um abraço a todos!