II LAWCN 2019

quinta-feira, 21 de maio de 2009

De pedal nas estradas

Salve turma web!

Estou de volta na estrada em cima do pedal. Dessa vez resolvi dar um rolé na bike pelo lado norte da cidade de São João Del-Rei, nas estradas e trilhas no entorno da BR-494, saída para Ritápolis. Planejei tudo pela visualização de satélite do Google Maps e funcionou muito bem. Foram quase 40 km de estradas de terra, trilhas e um tanto bom de BR. Ao final de três horas direto pedalando, fiquei um verdadeiro traste de cansado. Mas foi sensacional!

Bom, a outra novidade é que eu resolvi fazer o meu relato todo online, usando recursos da rede Google. Então eu montei uma mapa pessoal no Google Maps e um álbum de fotografias do Picasa. Vamos ver se funciona (vocês me falam).

Eis o mapa do trajeto realizado:


Visualizar Rolé de Bike no dia 16/05 em um mapa maior

Abaixo vão as fotos no estilo apresentação de slides:

E por fim, o link para o álbum (onde dá pra visualizar o local das fotos):

Rolé de Bike São João / Ritápolis

Forte abraço a todos!

domingo, 10 de maio de 2009

360 graus na vida e no pedal

Salve nautas, sobretudo a turma do pedal!
Fernão de Magalhães, o grande navegador português, dizia que o final de toda jornada é o local de onde partimos mas, diferentemente do começo, pela primeira vez conhecemos a nós mesmos. Custo crer que me encontro em posição tão elevada de auto-conhecimento mas, verdade seja dita, o retorno à Minas Gerais, na cidade de São João Del-Rei, tem me permitido alguns emocionantes redescobrimentos de mim mesmo.
O maior deles até então foi o de uma antiga paixão minha: andar de bicicleta, mountain bike. Essa é uma história que me remete lá para o ano de 1992, quando a minha família voltou de Curitiba para BH. A febre de Mountain Bike já havia conquistado a cidade e eu, que sempre adorei bici-cross, percebi que tinha que aderir à onda. Comprei uma Giant usada, antiga, mas com já com câmbio Shimano. Era uma bike boa, apesar de pesadona e eu subia até o limite de BH - Nova Lima com ela para rodar nas trilhas ali das redondezas. Em 94 fui com a minha família para uma viagem à Califórnia, E.U.A., onde o meu irmão estava finalizando o seu período de intercâmbio. Meu pai permitiu que fizéssemos uma compra de apenas 1 item de maior valor (em torno de U$ 500,00) para levar para o Brasil. Enquanto o meu irmão levava guitarra e pedaleira, eu comprei uma Specialized Hard Rock zerada, amortecedor dianteiro, cateye, pochete de quadro, além de capacete e outros acessórios. Aí foi pura alegria. Foram as melhores trilhas da minha vida.
Depois de alguns anos, o assalto de bikes em BH e, sobretudo nas trilhas da periferia, começou a aumentar demais e eu dei uma encostada na magrela, ainda que com muita dó. Mais ainda, eu já havia começado a universidade e me sobreva pouco tempo para o hobby. Em 2001 pintou a chance de eu ir para Europa mas, sem poder contar com um pai-trocínio para a aventura, tive que me virar para arrumar grana pra passagem, seguros, taxas e moradia no primeiro mês. Uma tia me arranjou uma parte, a bolsa de IC na UFMG contribui mais um tanto e a maior bolada veio de uns cursos de AutoCAD que eu lecionei em empresas. Entretanto, ainda faltava uma parte: tive que passar a bike nos cobres. Mas valeu a pena, a temporada em Viena, Áustria foi absolutamente inesquecível - mas essa é uma conversa para outra hora.
De lá pra cá eu me esqueci desse hobby. Na verdade, por mais que eu tivesse vontade de comprar outra magrela, passei um aperto financeiro atrás do outro. Chegando da Europa, fui dar jeito de terminar a graduação e, passei todo o tempo duro. Pouco depois que me formei, entrei para o doutorado, ganhando uma bolsa bem razoável para quem vive na casa dos pais. Entretanto, namorava uma garota e tínhamos planos para nos casar, por isso resolvi juntar a maior parte do recurso que recebia. Ao final de um pouco mais de uma ano de doutorado, rompi com a moça. O dinheiro que havia juntado era bem razoável e dava para comprar uma belíssima mountain bike e ainda sobrar bastante. Ao invés de fazer isso, resolvi escutar o meu irmão e dei entrada no meu primeiro carango: um Corsa 95/96 GL 1.4 Azul Vandyke. Para sempre lembrarei desse carango que tão bem me serviu. Logo depois, comecei a namorar minha atual esposa e 4 meses depois ela estava grávida (essa é outra história que vai ter que ficar para depois). Apesar de pura alegria, foi um aperto atrás do outro, agora para pagar contas, arrumar casa para morar e cuidar de criança. O sonho de uma nova bike foi completamente esquecido.
A temporada em Natal para o pós-doc, apesar de ter sido uma aventura sensacional, foi ainda pior em termos financeiros e acabei me endividando pesadamente. Tanto que ao vir para São João Del-Rei, tive que vender meu segundo carro (um Celta 1.0 2004 vermelho - apenas satisfatório) e ficar a pé.
Apesar de estar em uma condição bem mais estável com uma remuneração bem melhor do que no pós-doc, resolvemos, eu e a Mayra, ficar sem carro até termos dinheiro suficiente para comprar um à vista e, assim, tirar banco e a financeira da nossa folha de pagamento. O esquema funcionou muito bem, mas o meu deslocamento para a UFSJ era bastante complicado, pois que não há linhas de ônibus que me serviriam.
Foi quando eu reparei que todo mundo na cidade rodava de bicicleta. Falei: esse vai se tornar o meu meio de tranporte aqui em São João! Comprei então uma Sundow Bacini 18 marchas, uma bike muito simples, mas bastante satisfatória para quem quer só se deslocar na cidade para ir trabalhar e resolver coisas na cidade.
Amigos, que fantástica redescoberta! Voltei à minha adolescência e descobri que sou um verdadeiro apaixonado por andar de bicicleta. Hoje, faço tudo em cima dela. Vou e volto do trabalho pedalando numa boa. Padaria, farmácia e tudo mais é encima da bike. Meu condicionamento físico melhorou muito e já perdi cerca de 4 quilos. Mais ainda, dou um exemplo de atitude verde que tenho pregado aos meus alunos da Bioengenharia. Por fim, raramente sinto falta de carro aqui em São João. A gente consegue que basicamente tudo que a gente precisa seja entregue em casa de graça, ou a custo de no máximo três reais, variando da compra de supermercado do mês, a sanduíches, pizza, cerveja e filmes da locadora de vídeo. Tudo na mão. Quando a gente precisa mesmo de um carro, para ir a uma festa ou ao cinema por exemplo, o Sérgio taxista está a apenas uma ligação e a conta do táxi raramente passa dos dez reais aqui. Ou seja, carro em São João é quase totalmente supérfluo e a bike me beneficia diretamente em três aspectos: condicionamento físico de graça, economia pois me desloco de graça e não tenho que arcar com o carro (alguém já se deu conta o ralo de dinheiro que é o automóvel da família?) e atitude verde. Isso sem contar com a diversão.
Na verdade, São João é uma cidade de ciclistas: são mais de 30 mil magrelas para apenas 80 mil habitantes. A região está apinhada de mountain bikers locais e de fora que vêm aqui curtir trilhas de todos os níveis de dificuldade aliadas a belíssimas paisagens. Há trilhas que começam a 500 metros de onde eu moro. Tiradente está a 7 quilômetros da minha casa passando pela estrada real. Ou seja, estou com a faca e o queijo na mão.
Para vocês terem uma idéia, hoje, sábado dia 09, saí na bike para comprar umas coisas pra casa e, de bobeira, resolvi pedalar até o município de Tiradentes. Assim, do nada, só para abrir o apetite... E foi sensacional. Tirei algumas fotos para compartilhar com vocês. Elas estão aí embaixo.
Enfim, o projeto agora é: primeiro me recuperar financeiramente por completo, quitando meu apartamento. O segundo passo é, quando chegar o décimo-terceiro: comprar uma mountain bike de verdade e cair na trilha, retornando para uma paixão que vem comigo desde a infância.






Abração!