Notícia publicada originalmente no website da Carta Capital, em 24/01/13, no website:
PARIS
(AFP) – A organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF) denunciou
nesta quinta-feira 24 o monopólio midiático no Brasil, que parece
“pouco modificado, 30 anos após a ditadura militar (1964-1985)”.
A
ONG definiu o Brasil como o “país dos 30 Bersluconi”, em
referência ao magnata italiano da mídia e ex-primeiro ministro
italiano.
Uma
investigação da RSF, realizada em novembro e revelada nesta
quinta-feira, mostra que fora uma dezena de grupos que dividem o
monopólio da informação principalmente no eixo Rio-São Paulo, o
País “conta com múltiplos meios de comunicação regionais,
fragilizados pela extrema dependência em relação aos grandes
centros de poder nos estados”.
“Uma
tutela que afeta diretamente a independência” da imprensa, além
de ser um “vetor de insegurança”, ressalta a organização. A
ONG lembra que 11 jornalistas e blogueiros foram assassinados no
Brasil em 2012, o que coloca o país na quinta posição entre as
nações com mais registros de mortes na área. Dois outros foram
forçados ao exílio por questões de segurança.
No
ano passado, a Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP) colocou o
Brasil na lista dos países mais perigosos para o exercício da
profissão na América Latina, onde 19 assassinatos de jornalistas
foram denunciados, seis deles no Brasil.
Devido
a este cenário, a organização considerou o Brasil como uma espécie
de “país dos 30 Bersluconi”.
“O
Brasil apresenta um nível de concentração de mídia que contrasta
totalmente com o potencial de seu território e a extrema diversidade
de sua sociedade civil”, explica a ONG de defesa da liberdade de
imprensa.
“O
colosso parece ter permanecido impávido no que diz respeito ao
pluralismo, um quarto de século depois da volta da democracia”,
assinala a RSF.
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Segundo
a ONG, um dos problemas endêmicos do setor da informação no Brasil
é a figura do magnata da imprensa, que “está na origem da grande
dependência da mídia em relação aos centros de poder”.
“Dez
principais grupos econômicos, de origem familiar, continuam
repartindo o mercado da comunicação de massas”, lamenta a RSF.
Sempre
segundo a RSF, a este sistema se acrescenta a censura na internet e
denúncias que levaram ao fechamento de blogs durante as eleições
municipais de 2012.
Nesse
sentido, citou o caso do diretor do Google Brasil, que ficou preso
brevemente por não retirar do YouTube um vídeo que teoricamente
atacava um candidato a prefeito.
A
organização faz referência a Fábio José Silva Coelho, que foi
preso pela Polícia Federal em setembro passado a pedido do candidato
a prefeito de Campo Grande, Alcides Bernal.
Para
reequilibrar o cenário da mídia brasileira, a Repórteres Sem
Fronteiras recomenda reformar a legislação sobre a propriedade de
grandes grupos e seu financiamento com publicidade oficial, assim
como a melhoria da atribuição de frequências audiovisuais para
favorecer os meios de comunicação e um novo sistema de sanções
que não inclua o fechamento de mídias ou páginas, entre outras
medidas.
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